Varejo brasileiro enfrenta sequência de quedas nas vendas e empresários buscam alternativas para reverter cenário

O comércio varejista brasileiro vive um momento de alerta. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as vendas no setor recuaram 0,3% em julho em relação a junho, marcando o quarto mês consecutivo de queda. Desde março, último mês de crescimento, o varejo acumula retração de 1,1%.
Especialistas apontam que a perda de fôlego não acontece de uma hora para outra, mas é resultado de fatores internos e externos que, combinados, comprometem o desempenho das empresas.
Impacto nos diferentes setores
De acordo com o IBGE, áreas como equipamentos e material para escritório, informática e comunicação (-3,1%) e tecidos, vestuário e calçados (-2,9%) registraram as quedas mais expressivas. Já o chamado varejo ampliado – que inclui veículos, motos, peças, material de construção e atacado de alimentos e bebidas – apresentou alta de 1,3% em julho, mas recuou 2,5% em comparação ao mesmo mês de 2024.
“A economia ainda enfrenta juros altos e consumidores cautelosos, o que explica parte da desaceleração. O brasileiro está comprando menos e priorizando itens essenciais”, explica a economista Ana Paula, consultora de mercado.
Por que as vendas estão caindo?
Especialistas dividem as causas entre fatores externos e internos às empresas.
- Crise econômica e cautela do consumidor: inflação persistente e crédito caro reduzem o poder de compra.
- Concorrência digital: o crescimento acelerado do e-commerce pressiona o comércio físico. Segundo o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), as vendas online de pequenas empresas cresceram 1.200% desde a pandemia, chegando a R$ 67 bilhões em 2024.
- Gestão frágil:
levantamento do Sebrae mostra que muitas empresas fecham por falta de planejamento estratégico e controle financeiro.
- Atendimento e marketing deficientes: negócios que não acompanham o comportamento do consumidor acabam perdendo relevância.
Como reverter o cenário?
Para não deixar que a queda se transforme em crise, empresários estão apostando em estratégias de adaptação. Entre elas:
- Revisão das ações de marketing, com foco em redes sociais, tráfego pago e presença digital;
- Capacitação da equipe de vendas, para oferecer atendimento ágil e personalizado;
- Inovação no portfólio de produtos e serviços, acompanhando novas demandas do consumidor;
- Planejamento para datas sazonais, aproveitando períodos de maior consumo;
- Busca por crédito e parcerias, evitando que a falta de capital de giro agrave a situação.
Empresários em alerta
Para muitos empreendedores, perceber a queda nas vendas é um verdadeiro pesadelo. “O problema não é só vender menos, mas ver o caixa apertar e não conseguir honrar compromissos com fornecedores e funcionários”, afirma João Mendes, dono de uma rede de lojas de calçados no Sul do país.
Perspectivas
Apesar do cenário desafiador, analistas acreditam que há espaço para recuperação no segundo semestre, especialmente com a proximidade de datas como Black Friday e Natal, responsáveis por aquecer o consumo no país.
“É um período que pode trazer fôlego, mas depende da capacidade de adaptação das empresas. Quem se planejar agora, poderá encerrar o ano em crescimento”, avalia a consultora Ana.
